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Steve Biko

PAN-AFRICANISTAS

CONHEÇA ALGUNS DOS FUNDADORES DO PAN-AFRICANISMO

AMY GARVEY

Amy Ashwood Garvey nasceu na Jamaica em 1896, e foi uma notável líder pan-africanista. Junto com seu marido Marcus Garvey lutou sempre para avançar a causa da libertação negra. Desempenhou papéis influentes no movimento negro como jornalista, feminista e ativista. Em 1917 se mudou para os Estados Unidos onde conheceu Marcus Garvey. Tornou-se Secretária-Geral da UNIA (United Negro Improvement Association) em 1919 cargo que ocupou por mais de meio século. No período de 1924-27, ela, como editora do jornal do UNIA, O mundo Negro, avançou com suas ideias feministas, e nacionalistas com a inauguração de uma página intitulada "Nossas mulheres e o que elas pensam".

Após a morte de Marcus, em 1940, Amy continuou a luta pelo nacionalismo negro, tornando-se editora e contribuindo para O Africano, jornal publicado no Harlem. Fundou o Círculo de Estudos Africanos do Mundo na Jamaica e escreveu sua excelente peça, "A Memorandum Correlative of Africa, West Indies and the Americas". Ela não só viveu em muitas partes do mundo negro como participou de grandes eventos – desde a fundação da UNIA, à Conferência Pan-Africana de 1945 e a independência de Gana.

Em 1963 publicou seu próprio livro, Garvey e Garveyism , e mais tarde publicou duas coletâneas de ensaios, Black Power na América e O Impacto de Garvey na África e na Jamaica . Em 25 de julho de 1973, Amy Garvey morreu como viveu, ativa na luta pelo empoderamento negro e sua libertação.

WILLIAM EDWARD BURGHARDT DU BOIS

Sociólogo, historiador e ativista Du Bois nasceu em 23 de fevereiro de 1868, em Massachusetts Estados Unidos. Concluiu o doutorado em História pela Universidade de Harvard, tornando-se o primeiro afro-americano a receber o título de doutor nessa instituição. Foi ao longo da primeira metade do século XX, um dos principais nomes da luta pela justiça social e contra o racismo e é, até hoje, celebrado como o pai do movimento de tomada de consciência pelo povo negro da constante violência e violação de direitos a que era submetida. 
 

Com o objetivo de inaugurar um movimento capaz de gerar um sentimento de solidariedade com relação às populações negras das colônias, em 1919, Du Bois realizou em Paris o I Congresso PanAfricano. Liderou ainda as quatro edições subsequentes e foi eleito presidente do V Congresso com o apoio de novas lideranças como Kwame Nkrumah e George Padmore que encabeçaram o movimento de independência de Trinidad e Gana, respectivamente. 
 

Du Bois, que já era considerado um dos precursores e pedra angular do movimento negro internacional, morreu em 27 de agosto de 1963, na capital ganesa, Acra, exatamente um dia antes da Grande Marcha de Washington, liderada por Martin Luther King. No ano seguinte, o governo dos Estados Unidos promulgava o Civil Rights Act, garantindo direitos iguais a brancos e negros.

 

ALEXANDER CRUMMEL

Alexander Crummell foi um afro-americano nascido em Nova York em 3 de março de 1819. Apesar da resistência enfrentada pela sua cor, estudou e se formou com sucesso para exercer o sacerdócio pela Igreja Episcopal, tornando-se padre em 1844. Estudou filosofia moral na Universidade de Cambridge e atuou  vigorosamente no movimento anti-escravidão ao se mudar para a Libéria onde foi educador. 
 

A fundamentação teórica do pan-africanismo é iniciada por Crummell que tem no cerne de seu pensamento o conceito de raça que por sua vez será a diretriz de sua visão para os negros e para a África. Para ele a África é a pátria da raça negra e que ele como negro tinha direito de falar, agir e programar o futuro desse continente como seu legítimo representante. Para ele a ideia da África enquanto uma unidade decorria do fato dela ser a pátria dos negros. Esse pensamento de Crummell manifestado em seus textos inauguraram o discurso do pan-africanismo, pois ele traduz exatamente a ideia da existência de um povo negro  que por sua vez constituía uma unidade que teria no continente africano o seu lugar.  
 

Ele tinha a concepção, que vai se perpetuar no século XIX, da existência de uma unidade política natural, ou seja, uma vez que se tenha um único povo reunido num mesmo lugar consequentemente se tem uma unidade política. Nesse sentido Crummell também foi considerado um dos pais do nacionalismo africano. Além disso, ele defendia a adoção da língua inglesa como a língua a ser empregada na construção de um estado negro africano.   

FRANTZ FANON


Nascido na Martinica em 1925, cursou psiquiatria em Lyon na França graduando-se em 1951. Depois de alguns anos de residência médica dirigi-se para a Argélia, como chefe de serviços do Hospital Psiquiátrico Blida-Joinville. Em 1954 com a explosão da revolução argelina, aderiu a FNL (Frente de Libertação Nacional). Foi expulso da Argélia mas continuou o trabalho de resistência e denúncia dos males do colonialismo francês na Tunísia publicando vários artigos e livros.  
 

Suas obras foram inspiradas em mais de quatro décadas de movimentos de libertação anticoloniais. Analisou as consequências psicológicas da colonização, tanto para o colonizador quanto para o colonizado, e o processo de descolonização, considerando seus aspectos sociológicos, filosóficos e psiquiátricos. 
 

Em 1961, aos 36 anos e num contexto de intensas atividades políticas, Fanon foi diagnosticado com leucemia descobrindo, portanto, que lhe restava pouco tempo de vida. Inicia então uma corrida contra o tempo para escrever o seu último livro: Les dammés de la terre. Antes da publicação do livro, Fanon encontrou-se com J. P. Sartre e S. Beauvoir para discutir a luta anticolonial e encomendar a Sartre o prefacio de seu futuro livro. Fanon vem a falecer ao final do mesmo ano. 

KWAME NKRUMAH  


Líder político de Gana que chegou a auto-declarar primeiro-ministro vitalício, Kwame Nkrumah foi, para muitos, essencialmente, um grande lutador e divulgador do pan-africanismo, numa permanente luta contra o que considerava a “balcanização” de África, ou seja, a sua fragmentação em pequenos Estados, como estratégia imperialista de dominação sobre o continente. Esta tese é apresentada profundamente desenvolvida em seu livro África deve unir-se (Lisboa, Ulmeiro, 1977). 
 

Nkrumah recebe uma educação privilegiada para a época passando pelas mais prestigiadas escolas de Acra. Em 1935 ruma aos Estados Unidos da América onde estuda e se diploma em áreas como arte, teologia, filosofia e educação. Com um percurso acadêmico notável, desdobra-se em palestras no âmbito da ciência política na Universidade Lincoln.  
 

Em 1960, meses depois de assumir o mais alto cargo de Presidente da República, e ser chamado “Osagyefo”, (o Redentor), escreve: "o nacionalismo Africano não se limita apenas a Costa do Ouro, hoje Ghana. Agora ele deve ser um nacionalismo Pan-Africano e deve ser a ideologia de uma consciência política entre os africanos, na busca da sua emancipação, espalhados por todo o continente".

AMILCAR CABRAL
 

Amilcar Lopes Cabral nasceu em 1924 e foi um político da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. No ano de 1945, tendo conseguido uma bolsa de estudos, ingressou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Único estudante negro de sua turma, Cabral logo se envolve em reuniões de grupos antifascistas e, ao lado de outros alunos vindos da África. 
 

Em 1955 participa da Conferência de Bandung e toma conhecimento da questão afro-asiática, vindo a fundar alguns anos depois o partido clandestino: Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). 
 

Em 20 de janeiro de 1973, Amilcar Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido. Cabral profetizava seu fim ao afirmar: " Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." 

MARCUS GARVEY 
 

Marcus Mosiah Garvey nasceu em 1887, na Jamaica. Foi um comunicador, empresário e ativista jamaicano. É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro. Garvey liderou o movimento de " volta para África", inclusive, seu nome é citado em músicas de vários artistas como Bob Marley e Burning Spear. 
 

Ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a “redenção” da África e pra que as potências coloniais européias desocupassem o continente. Garvey fundou em 1914, a Associação Universal para o Progresso Negro ou AUPN (Universal Negro Improvement Association, mais conhecida como UNIA). O lema da instituição era era “One God! One Aim! One Destiny!”, em portguês, Um Deus! Uma aspiração! Um destino! 
 

Garvey viajou o mundo e viu da perto a miséria que os negros sofriam, ele dedicou toda sua vida a favor da causa negra. Exerceu uma importante influência nos movimentos, que, mais tarde, libertaram a África do domínio colonial europeu. Apesar de ter sido criado como metodista, Marcus Garvey se declarava católico, seu pensamento religioso era fundamentado numa interpretação da Bíblia, especialmente do Velho Testamento.

STEVE BIKO


Stephen Bantu Biko foi um conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960. Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornouse presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention). 
 

Em março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido", o que significava que Biko estava proibido de comunicar-se com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais. 
 

Em 6 de setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de setembro, foi embarcado em veículo policial para transporte para outra prisão. Biko morreu durante o trajeto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADI, Hakim; SHERWOOD, Marika. Pan-African History: Political figures from Africa and the Diaspora since 1787. London: Routledge, 2003.

BRASIL, Move. Biografias. Disponível em: <http://movebr.wikidot.com/bio:bikosb>. Acesso em: 30 maio 2016.

IVANOVICI, Tatiana. MARCUS GARVEY, O IDEALISTA DO MOVIMENTO DE “VOLTA PARA A ÁFRICA”. Disponível em: <http://www.doladodeca.com.br/2011/02/18/marcus-garvey-o-idealista-do-movimento-de-volta-para-a-africa/>. Acesso em: 30 maio 2016.

 MIRANDA, Antônio. Poesia Africana Amilcar Cabral. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/guine_bissau/amilcar_cabral.html>. Acesso em: 30 maio 2016.

FAGUNDES, João. Kwame Nkrumah. Disponível em: <http://www.buala.org/pt/autor/kwame-nkrumah>. Acesso em: 30 maio 2016.

 BRITO, Adelson Silva de. Kwame Nkrumah, o pai do PanAfricanismo. Disponível em: <http://correionago.ning.com/profiles/blogs/kwame-nkrumah-o-pai-do>. Acesso em: 30 maio 2016.

 CANTALICE, Tiago. Du Bois e o Pan-africanismo. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/?p=40672>. Acesso em: 30 maio 2016

BOSTON UNIVERSITY SCHOOL OF THEOLOGY (USA). Crummell, Alexander (1819-1898) African American Episcopal missionary to Liberia. Disponível em: <http://www.bu.edu/missiology/missionary-biography/c-d/crummell-alexander-1819-1898/>. Acesso em: 30 maio 2016

NKOSI, Deivison. 20 de julho de 1925 nascia Frantz Fanon. Disponível em: <http://www.geledes.org.br/20-de-julho-de-1925-nascia-frantz-fanon/>. Acesso em: 30 maio 2016.

PAGES, Black History. Amy Jacques Garvey. Disponível em: <http://www.blackhistorypages.net/pages/agarvey.php>. Acesso em: 20 jun. 2016.

Por: Estêvão Lima

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